A plantação clamando por chuva.
O solo ansiando por uma trégua do calor,
Que só viria ao entardecer.
Fui crescendo e o sol implacável continuava,
E inexorável lançava estrategicamente
O resultado do seu destino sobre Valente...
Seus gloriosos raios brilhantes e extensos.
Mas a vida me levou por caminhos desconhecidos.
Agora vivo próximo ao mar.
Aqui o sol que outrora queimava a pele
Hoje bronzeia,traz alegria a esta terra.
Aqui os rostos também são marcados
Pois o mesmo sol, marca o rosto
Não só na roça, mas no mar,na labuta
Para buscar o peixe paradoxalmente
Aos que se estiram na praia.
Nos meus encontros com o passado
Revejo a fome daqueles que não têm
Onde buscar o pão que sustenta a família.
No presente vejo onde buscar,
Entretanto a falta de vontade do povo
Faz o mar ser pequeno diante da vontade
Do povo castigado do sertão.
Voltar... Não sei.
O futuro é uma incógnita de viveres.
O passado viveres quase esquecidos
Pelo enfadonho presente do cotidiano.
No sertão a vida é valorizada pelo fruto
Do labor do trabalho.
No mar a vida é valorizada pela mesmice
Do dia a dia da maré, muitas vezes
Sem perspectiva de crescimento.
Talvez quando for mais velha e a vida
Menos conturbada eu retorne para
Onde um dia a felicidade de ser criança
Levou-me por trilhas e caminhos que
Um dia passei.
Salinas, 26 de maio de 2002.
2 comentários:
belo texto, Bia. É importante ser_tão fiel aos seus princípios para por nas letras o significado de duas regiões aparentemente tão opostas.
Bjs
Um texto bonito mas, muito triste. Queria te vê,aliás, te ler com mais alegria afinal você merece muito.
Porque somos tão diferentes?
Eu não gostaria de voltar.
bjs!
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